segunda-feira, 11 de maio de 2009

Original Chernobyl Style

Por Marco Antônio Júnior


Produto de exportação, os DJS brasileiros estão em alta no exterior. Destaque para uma cria do nosso estado, Fredi “Chernobyl” Endres, que está entre os DJS mais badalados do momento. Recém chegado uma exitosa turnê que passou por Portugal, Alemanha e Áustria, Fredi tem cada vez mais sua carreira internacional consolidada.
Durante o tour europeu, todas as apresentações contaram com casa cheia. Cada vez conquistando mais fãs o DJ gaúcho já é uma afirmação no cenário musical brasileiro e mundial.
Precursor do estilo “neo-funk” (nome dado pelo próprio Fredi), ele mistura riffs de rock e pancadão de funk seus sets são sempre sucesso por onde passa. Mil e uma utilidades trabalha também como produtor, e entre faixas, Eps, álbuns e remixes produziu artistas como Edu K, Bonde do Rolê, RQM, Tigarah, Mixhell, N.A.S.A. e Impostora. Chernobyl também troca figurinhas com o DJ americano Diplo, um dos tops de linha mundial. Além disso, é guitarrista da banda Comunidade Nin-Jitsu.
Transformando todos os gêneros musicais em pancadão, Chernobyl tem uma visão peculiar da popularização do funk: “As coisas étnicas do terceiro mundo atraem os europeus em geral e o funk brasileiro sai ganhando nessa porque é a batida que contagia as pistas dos clubes mais modernos. O baile-funk já é um estilo mundialmente estabelecido, é uma ramificação swingada do electro”, afirma o DJ.
Falando em Comunidade Nin-jitsu, a banda gaúcha lançou no final do ano passado seu novo CD, Atividade na Laje, sexto do grupo. Para Fredi este é um dos melhores álbuns da banda, pois para ele este trabalho contempla o som que realmente representa a Comunidade. É isso ai galera, vale a pena conferir e valorizar o trabalho do cara, que com muito suor, humildade e competência ta colocando a música do povo na boca e nos ouvidos dos gringos.
Confira e entrevista:
Você considera a cultura musical européia diferente da brasileira? Porquê?

Fredi - Eles são o velho mundo. A civilização branca toda tem origem européia, eles tem frio abaixo de zero e nos não, além de sermos mega-ultra-miscigenados lidamos com as coisas da vida de uma maneira mais humorada e relaxada. Por isso quando fazemos música eles saem dançando. Os europeus são bons em tudo que é mais técnico, mas o sangue é frio, e as pessoas são mais metódicas, organizadas e, na hora em que podem, são as mais loucas. É muito interessante viajar e tocar pra eles.

E os gringos quebram até o chão com os teus sets?

Fredi - Quebram da maneira deles. Nos países escandinavos, a galera se diverte e dança de uma maneira dura sem parar, independente do que eu esteja tocando. Na Alemanha, toquei para o público mais exigente do mundo em termos de pista de dança, pois eles que inventaram a música eletrônica. Impressionante, dançaram como brasileiros. Já na Rússia toquei em clubes chiques, de gente de grana, daí eles dançam comportados. Na Ucrânia parecia um show de rock com adolescentes gritando. Somos diferentes, mas somos seres humanos. Sempre temos muitas coisas em comum em todo lugar.

Alguma história curiosa das turnês?

Fredi - Tudo é curioso quando se vai ao leste europeu. Eu ficaria contando por páginas e páginas. Só vou dar uma pincelada a respeito de Moscou: eu minha mulher viemos de Munique em um vôo lotado de Hooligans bêbados e fedorentos pq a final da Copa da UEFA 2008 (Manchester x Chelsea) ia acontecer no mesmo dia em que eu ia tocar lá. Chegando a Moscou, um táxi bizarro com uma folha escrita “chernobill” (forma errada de escrever, eles não sabem nosso alfabeto direito) nos busca e leva 3hs (!) no maior engarrafamento do mundo na cidade mais poluída que já vi. Da janela eu só avistava conjuntos habitacionais enormes com janelas quebradas, tudo sujo. Como a final da UEFA acontecia, os hotéis estavam lotados e ficamos em um típico apartamento comunista, com água fria, é claro. Era primavera e fazia uns dois graus. Na noite fomos ao Denis Simachev Bar (lugar onde me apresentei) e desfrutamos da melhor cozinha internacional, ganhamos roupas do melhor estilista do leste europeu, toquei pelo maior cachê da minha vida, o lugar era moderno e chique e o ingresso era caríssimo. Lotou de russos dançando funk. Lá não tem meio termo, ou é uma coisa ex-comunista caindo aos pedaços, ou é algo milionário. Rússia é o país do serviço secreto, e de velhos que não se conformam com o fim da fila do pão do governo comunista, mas possui também um povo jovem que tem sede de informação, cultura, amizade e que acolhe muito bem um DJ brasileiro e sua esposa. Amei, quero voltar.

Você se considera um pioneiro do "neo-funk", já que foi a CNJ que começou no Brasil a misturar guitarra pesada e funk nas suas músicas?

Fredi - Sim somos pioneiros. A Comunidade como banda e eu como DJ/produtor.

Como surgiu a sua carreira de DJ? E como foi que ela tornou proporções internacionais?

Fredi - Eu toco guitarra a mais de vinte anos, eu queria aquele frio na barriga de novo, aprender algo novo. Não me contento em saber apenas um instrumento. Comecei a produzir em casa faixas pra vários artistas, misturando funk com rock e electro (vide Bonde do Rolê) e isso foi lançado por selos internacionais (Japão, Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra e Suécia). Os festivais e os clubs queriam aquele produtor brasileiro chamado DJ Chernobyl. Entao crio DJ sets que mostram como produzo: mixagens de vários estilos em ritmo de funk carioca.

Sendo você no atual momento um dos DJS mais badalados no Brasil e no mundo, como foi trabalhar ao lado do DJ Diplo?

Fredi - Ele é muito talentoso, quando “acerta a mão”, acerta de verdade. Não é a toa que a única faixa (“Paper Planes”) que ele produziu do último cd da M.I.A. foi indicada ao Grammy. Comigo e com o Bonde do Rolê ele foi mais produtor executivo do que musical, pois pro Bonde ele só produziu duas faixas e eu as mixei (Solta o Frango e Marina Gasolina). Eu e o DJ Gorky é quem fizemos todo o resto. Diplo me respeita, é mais novo que eu e tem menos experiência de estúdio.

Cita algumas bandas ou artistas que tu produziu?

Fredi - São coisas mais conhecidas em um meio específico, porém respeitadíssimas pelo mundo: Edu K, Bonde do Rolê, RQM, Tigarah, Mixhell, N.A.S.A., a própria Comunidade Nin-Jitsu, Impostora...

Como conciliar as carreiras paralelas de produtor,DJ e guitarrista de CNJ? E qual delas no momento é a tua prioridade?

Fredi - A prioridade da minha vida é a Comunidade, mas tenho muitos dias durante a semana para ser produtor musical. Se o dia tem 24hs e a semana tem sete dias acho muito possível fazer várias coisas. A maioria dos shows sempre foi em final de semana, sobra bastante tempo de domingo a quinta para fazer músicas pra mim, pros outros, ser DJ em clubes e assim vai. Me sinto muito mau sem fazer música, tento fazer com que todo dia tenha algo pra criar, remixar...me sinto melhor, acho que criando faço jus a minha existência.

Falando em CNJ, o sexto CD da banda já está nas lojas. Fale um pouco sobre ele.

Fredi - Acho o Atividade na Laje o melhor cd da banda, junto com o Broncas Legais. Chegamos à síntese da coisa. No MDS misturamos estilos sem profundidade na mixagem, as guitarras não pesavam o suficiente para não atrapalhar o funk e vice-versa, no Aproveite Agora resolvemos fazer tudo orgânico e os fãs fanfarrões sentiram falta do batidão...agora chegamos no som que realmente representa a Comunidade. Tudo é pesado, o funk, o metal e os raps.

Projetos para 2009? Turnê com a CNJ? Ida pra gringa como DJ ou dar prioridade a produção musical?

Fredi - Como DJ acabei de voltar de uma turnê por Portugal, Alemanha e Áustria. Em fevereiro rolou dose dupla no Planeta Atlântida: CNJ no palco principal e DJ Chernobyl no palco Beco. Depois de muitas apresentações minhas lá fora chegou a vez da banda, isto é, vamos excursionar a Europa em julho com a CNJ. Ao mesmo tempo estou pré-produzindo em casa o novo CD do Bonde do Role, trocando arquivos pela web com os caras, e também estou com uma data mensal fixa no Cabaret do Beco, a MAXIMIZE!, junto com Edu K, toda primeira quinta do mês.

Um comentário:

Rani e Raul disse...

Baita entrevista!!!
Parabéns, Marcolino :)